João de barro
queria construir minha casa
lá na beira do riachão
me faltaram as taipas
e um pedaço de chão
foi ai, que me vi,
feito um intruso
neste sub_mundo
sem eira nem beira
sob um pé de jequitibá
vestido de calça furada na bunda
numa elegância antiquada
finquei os pés no barro
num desavisado lamento
com o passar das horas
a dor pisou-me nos pensamentos
enquanto minha mulher
resmungava o sinal da cruz
seguimos viagem,
procurei outros mundos.
seguidas mudanças
precipitaram meus sonhos
hoje, quando olho para trás,
me vejo como um bicho-da-seda
que de tanto ziguezaguear
morreu no casulo