CAVALO ÍNTIMO
É como se o sopro de vida me deixasse
Como se em agonia estivesse
Essa falta de ar que me entontece
O ar pesa
A vista turva
E lá se vai a lembrança
Onde o vento faz a curva
Levando toda a cor
Tornando a paisagem difusa
As begônias mentem rosadas
Balançam hastes tão calmas
E não sabem da vida
Só da brisa
Da inocência do orvalho
Das coisas simples
Das flores indiferentes
Vermelhas em cachos
Baloiçando nos galhos
A rua cheira a lonjuras
Há um cochicho de mortos
E uma canção dolente
Sons de serenatas esvoaçando
No palor da madrugada
Quebrada uma vidraça
Uma voz sussurra
Em todos os cantos da casa
Tento alcançar uma figura
Um cavalo solitário foge
Corre nas ondulações do prado
Vejo-lhe os olhos em brasa
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Acrescento orgulhosamente à esta página a interação do colega FELIPE F. FALCÃO:
Cavalo de fogo em plena madrugada
saudades de momentos vividos
de sonhos outrora sonhados
madrugadas silente
de ventos calmos
que leva e traz o perfume das flores...