Eu, o papel e o lápis...
Alvo como a neve ele repousa a minha frente
Em silencio aguarda como uma sentinela real
Sinto-me tentado quando o vejo puro, sem macula
Meus pensamentos desencadeiam um frenesi quase incontrolável
Busco no canto de mesa, nas gavetas e caixas o meu alivio
Às vezes quebrado, às vezes sem ponta o pego apressado
Ferve dentro de mim o desejo de entregar ao que fui tentado
Meu olhar corre de um lado para o outro fingindo desinteresse
Meu coração parece pulsar na ponta dos dedos
As unhas ficam arroxeadas de tanta emoção
A relutante condição do querer se une ao poder quando me entrego
Com voracidade rompo o vazio de sua brancura
As letras vão se juntando umas nas outras
Os espaços, pontos, vírgulas e acentos se unem a festa
As palavras e frases saltam como uma explosão de fogos de artifício
O colorido das emoções alegra as estrofes
Por fim, a assinatura, preenchida como a derradeira gota da chuva
A satisfação de dever cumprido é o alivio da alma
Mais uma vez entreguei tudo que tinha
Ao menos, por enquanto...
Heavy