A memória é o alicerce de minh' alma (A Lígia Fagundes Telles)
Caminho pelo centro e, ao aproximar-me da Rua 10
Numa estreita porta de madeira, percebi o Sebo
Discretamente espremido entre decadentes hotéis
Ainda aberto, desde cedo
E, meus amigos frequentadores
Continuam todos vivos e agem como atores
Isso, para mim, é o máximo!
Passam o tempo disponíveis
Esperando por um "Clássico"
A chegar em bom estado, trazendo lembranças
E, com seus dedos ressequidos e unhas empoeiradas
Poderem tocar aquelas substâncias
Elas adentrarão na memória
Novamente amanhã, eu sei que brindaremos
Iremos nos encontrar, por honra e glória celebraremos
Ensinando-me Latim Arcaico
Desembrulhar-nos-emos de fato
Cumprindo-se a vontade, dando-me um gato
Assumindo o ofício da paixão
Dizendo em presunção
Sim, eu tenho vocação!
Não! Mil vezes não!
A memória é o alicerce de minh' alma
Também é técnica a minha inspiração
Construo minhas obras com a razão do coração
*A Lígia Fagundes Telles (19/04/1923)