PAlavras

Sentir presa a palavra

Deixando em branco o papel

Que em outros tempos

Guardavam os sentimentos

Do poeta ou menestréu.

Sentir-me vagando nesse tempo

De palavras gastas

Usadas como confetes

De festas em templos.

PAlavras...

Que se organizavam num poema

Quando a poesia não era só palavras.

Quando era sentimento.

Quando existia no momento,

e não ficava só no pensamento.

quando era mais e mais.

PAlavras, hoje.

Amontoadas como ferro-velho

Já não servem como espelho

De quem tem a emoçãp

De possuir um jovem coração.

Palavras...

Belas, como anciãs

Antigas como a infancia

Fortes como a distancia

Usadas como maçãs.

PAlavras...

Que vagueiam sem rumo certo,

numa massa encefálica qualquer,

Que pensa estar bem perto

Quando a poesia quizer.

Palavras,

que erguem a bandeira da beleza

e falam da força e da frauqeza.

E deixam fracos e atordoados

Por não terem a poesia lado a lado.

Palavras...

que já não trazem certezas

e se pintam de verde.

Que se postas sobre a mesa

Já não matam a fome e a sede.

PAlavras...

qeu saem cambaleando,

como bêbado, morto-vivo.

Sem preconceito, caindo, xingando,

Da boca de branco, rico, plebeu

e pior....

Da boca de quem não viveu.

Palavras...

Que pedem,

na volta ou na ida

Pedem, clamam por tudo

Que choram as dores do mundo,

E esquecem a beleza da vida!

( aos 20 anos)