A Escuridão da Velha Casa
Eu não sabia exatamente o que dizer
Estava frio, quase morto
Assim como ultimamente venho me sentindo
Distante, inconsciente, mortalmente indiferente
Todo dia eu aguardo silenciosamente a escuridão cair
As trevas vão se espargindo, como anjos negros da verdade
Trazendo nas mãos a gélida e pálida luz da racionalidade
E eu olho as estrelas, esperando você... Esperando o novo dia!
Quem sabe o que me tornei? Quem sabe quem eu sou?
Por que preciso tanto saber?
Por que não consigo fazer como todos e me silenciar diante do medo?
Por que não posso ser apático?
Daqui o mundo não é tão vistoso
... Deveras empobrecido, esse mundo cacófato
Nós vamos margeando esse rio fedorento e inescrupuloso
Amargurando essa vida entrópica e vacilante
Cheios de perturbadas e delirantes questões
Algumas tão simples que não percebemos durante toda a vida
Mas aí vem a distância, agente reagente da solidão
E temos uma folha, um violão ou mesmo apenas o vento
Pra onde vão nossas lágrimas?
Semeiam sonhos? Irrigam o jardim etéreo? Perdem-se apenas?
Por onde você foi? ... Deixou a porta entreaberta
Os planos foram saindo, um por um, até restar apenas o simples som da chuva