Ver o poema...

Quero ver o poema oculto em cada aurora,
o poema nas lágrimas de quem chora,
no sorriso, largo, sem pudor, das crianças,
ou em faces enrugadas, que se enrubessem enquanto gargalha!
Quero ver o poema de cada instante, porções das horas,
ocultos por mistérios, a serem decifrados...
O poemas das palavras de quem fala,
o sentido do poema, nos ouvidos de quem escuta!”
Rogo ter sentidos, ouvidos, olhos...
Atentos, a todo tempo,
enquanto meu tempo não se acaba,
para perceber toda poesia!
Pois no corpo da vida há tanta poesia exposta:
Na vida que começa, na que engatinha, na que se encerra!
Uso lentes para ver o poemas de cada aurora,
para expor a poesia uso simbolos,
meus sentidos são prismas para decompor toda poesia,
que não são nem rabiscos nem letras...
Ver um poema é colher os seus sentidos,
mirar-se neles enquanto eles nos reflete em seu reflexo!
Um poema é uma extensão de quem o escreve, ou o percebe,
ler um poema é reconhecer-se numa alma alheia!
Há muitos prismas nestas vidas que vivemos...
Mas ver um poema,
ler um poema,
é tocar a alma do outro que nos acolhe!
É completar-se...
Nas almas alheias que nem sabem que nos completam...
Talvez por não saberem que são nossas contra-partes,
e o todo é sempre muito grande ao toque de nossos pequenos olhos!

Edvaldo Rosa
21/07/2006
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