MARCOS OLIVEIRA

Senhor juiz

Eu agradeço a concessão da palavra

Ré confessa

Sem perdão

Devo versos a um amigo

Da maior e mais linda inspiração

Mas, Senhor juiz, compreenda

A minha incapacidade

Aturdida diante da beleza

E da perfeita propriedade

Dos versos do reclamante

Perante esta Corte eu digo

Que grande artista ele é

Além de pintar quadros

Escreve de tirar o fôlego

Domina a palavra, o verso

A poesia em suas veias habita

E eu, humilde professora, agi de má fé

Me engano que sou poeta

Por isto tenho tal dívida

E saldá-la é a minha meta

Não me condene, eu suplico

A não ser por este miserável poema

Indigno de um moço

Dono de perfeita pena

Senhor juiz, para finalizar,

Considere esta bobagem

Tão feia quanto

Solitários e abandonados barcos

Mas é com isto que pago

A dívida que tenho com Marcos

OBSERVAÇÃO: Não sei se cometi enganos quanto à bela ciência do Direito, mas estou disposta a revisões. Abraço, Marcos Oliveira. Entretanto, se algo não estiver bem colocado, fingirei que se trata do direito que têm poetas à "licença poética". Estou me defendendo, enfim.