Origem de São Paulo de Piratininga (v)
(v)
Depois dos paradoxos, vinham os moradores,
num fluxo incoerente de fonemas;
o Khaos empresta à tempestade sua aura,
como quem empresta uma ascendência a um filho
e em São Paulo,
tal herança possui dois nomes:
ou Fogo ou Noite...
(v)bis
quando as nuvens se nos precipitam sobre,
um marinheiro do ar é constelação
de geometria visibilíssima,
esquadrinhando gotas,
soprando entre tímida e cínica...
um marinheiro do ar, um lobo vulcânico,
um bloco de cimento morto, porém vivo,
foram esses patronos alegóricos
a verter-nos esse líquido filho do Khaos:
tão turvo e tão ardido!
E denominemo-lo pira e denomine-lo sombra,
dá igual para o efeito transformador
e reflexivo da coisa
(v)bis
Não há oceano ou orla na fríngia
de São Paulo de Piratininga;
houve de determinar nosso Khaos,
pelo decreto seguinte,
a seguinte incoerência:
que nosso horizonte fosse curto e vertical;
que as nuvens fossem o mar,
e os rios, só matadouros de salivas.
(v)bis
De fato, a poucos importava este céu,
o além, o horizonte, senão a uns tais,
percebê-lo, das banais coisas a mais;
Afinal... o futuro é o nosso melhor réu.