A volta da poetisa.
Como é triste a manhã nublada,
tão melancólica a rosa despedaçada;
assim sou eu sem a minha sina de escrever.
Pareço a noite onde as estrelas não querem aparecer,
uma Lua nova que persiste por mais de um ano,
a terra seca que nos enche de dor e desengano.
Assim fico sem a minha poesia:
como uma morta, tão hirta e fria,
que vive apenas por esquecer de expirar.
Sou apenas silêncio, sem o riso e sem o amar;
abandonou-me a musa que em mim (re)existe,
e ficou apenas eu, e o vazio que insite
que a realidade é a minha única opção,
quando o versejar não me atinge o coração.
Mas, como o Sol torna a reinar,
como as estrelas ressurgem a brilhar,
a Lua cresce até a cheia ressurgir,
a minha musa ilumina-me o seguir
nos caminhos tortos desta vida cigana,
novo sopro quente, nova chuva nesta alma doidivana
irá fazer-me sorrir o desejo de escrever
e nos giros da caneta, hei de me rever.
E logo, me empenharei numa nova poesia,
que alertará, algum dia:
"Aquela que versejava, acaba de voltar,
e seu mundo imperfeito há de cintilar
como o Sol, a Lua e todo o Universo estrelar!"
Sim, voltei - acabei de ressuscitar!