Enquanto agonizo.
Para compor meu último poema
Convoco a solidão de mil desertos
Por outros mil horrores encobertos
Em guerras, derrocadas e dilemas.
Não quero verso terso feito gema
Que seja seco rude e insuspeito
Um verso impuro, bem mais que imperfeito,
Rejeito que rejeita tal sistema.
Que a musa venha assim, venal, senil;
Num delírio, confesso minhas faltas,
Suspeito do perdão da fé servil;
Mas o amargo da lágrima não basta,
Divago enquanto a voz se impõe hostil
E agonizo na culpa que me assalta.