A TRISTEZA DOS PRESENTES

As lápides estavam cerradas à beira do túmulo;

os mortos naquele instante não haviam chegado;

os mosquitos rondavam, como que, raspassem o cúmulo

da tristeza dos presentes e do pranto jogado.

Quando parecia tudo fadado a acontecer

veio o conto do coveiro com negação e espanto.

O tempo corria tonto, bramindo o anoitecer,

escondendo o velo franco, enfadado desencontro.

Ao romper o temporal a catacumba afundou,

nenhum sopro imortal, se livrou do lamaçal...

a tristeza dos presentes apressada eximiu-se

Os mortos naquele dia aumiscavam sem candor;

a culpa da tal demora foi somada ao temporal,

a tristeza dos presentes na lama imiscui-se!

Zecar
Enviado por Zecar em 30/05/2005
Reeditado em 24/06/2016
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