ANTIGOS AMIGOS

À praia desces, amada,

Do Oceano que levou

Meus antigos sonhos embora.

Chegas assim, sem aviso,

Nessas horas obscuras

Em que o Abismo desperta.

Em ronda observas atenta

Minhas culpas e dores,

Sem uma palavra.

O que digo não importa:

Trazes dos confins do Infinito

Uma mensagem e uma ordem:

“Cedo virá uma última onda-

E nela deves saltar”

“Abandona, poeta, tua pena e teu lar!”

É neste momento, o da partida,

Que um céu de diferente aspecto

Congela e silencia.

Não sofro, não digo adeus.

Só espero chegar depressa

À outra praia que me espera.

Mas...e se não houver mais continentes?

E se as Ilhas se foram, como Avalon?

E se o vento norte cessou?

Amada, tens de ser sempre assim, a um tempo,

Amorosa e selvagem, como uma celeste

Imagem nas Águas?

Tuas asas têm um perfume

Envelhecido, e a cor quente

Do bronze ao sol.

Envolves o meu corpo

E sinto-me subindo...

Não é a Estrela da Manhã?

“Meus antigos amigos!

Não foram embora?”

“-Não, poeta, como você, viajamos, ainda!”

...

Filicio Albara
Enviado por Filicio Albara em 07/02/2010
Código do texto: T2073880
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.