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Muitas vezes
confundem-me
com alvorada de inverno
outras,
com o fogo do poente
até disseram
ter eu, rosto de freira,
jeito de paz
já me compararam
a um vulcão quieto
pronto a explodir
a areia de garrafa
que não se retém na mão
rio de tempestade
mar de maré secante
sou nada disso não...
estou aprendendo
a me conhecer!
E até posso ser...

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Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim, pesa
Pondera
Outra parte, delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem
Traduzir uma parte noutra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte?
Será arte?
(Fagner/Ferreira Gullar)