Nada mais Triste
 
 
 
Cenas
 
 
Os olhares doíam tristezas de perda,
Olhares cansados dos embates desgastantes,
Nas frustrações das lutas vãs
Passos de chumbo arrastando o tempo,
Um nó sufocando a garganta.
 
Chegaram silenciosos...
Olharam longe para a gare,
Suspiraram desapontamentos,
Sentaram-se.
Esperaram sem palavras a chegada do trem.
 
Entrelaçaram as mãos, apertadas...
Mãos cheias de palavras surdas,
Trêmulas mãos frias, nervosas.
 
Um apito avisa que o trem se aproxima,
As mãos se apertam ainda mais.
 
Num som quase inaudível,
Ela pergunta procurando os olhos dele:
_ Tem certeza de que é assim mesmo que quer?
_ Não tenho certeza de nada, só sei que preciso ir...
 
É hora de embarcar.
 
Levantam-se aturdidos, caminham,
Abraçam-se longamente,
Misturam o gosto salgado,
Das lágrimas em suas bocas,
Ela passa a mão pelos cabelos,
Segura entre as mãos o rosto dele.
Não diz nada... Só as lágrimas, só o olhar.
 
Ele entra no trem, acomoda-se,
Entreolham-se pela janela,
Tocam as mãos espalmadas no vidro.
 
O apito,
A quentura de gare...
 
O trem começa a andar,
Ela fala sem que as palavras tenham som:
_Eu amo você.
Ele não pôde ver...
Ele não pôde ouvir...
 
O trem,
 
O som, a gare,
 
As casas,
 
Ruas, gentes,
 
Ela ficou parada ali,
Olhando o trem indo, indo sempre,
Até ficar pequenino... Um ponto.
 
Um vazio imenso,
Uma dor sem fim!
Amor que fica presente.
Certeza de que trem algum,
Pode levá-lo para longe.
 
 
Paula
Enviado por Paula em 07/02/2010
Código do texto: T2073687
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