Porão
 
“Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo... ”. Fernando Pessoa
 

 
Há o meu tempo de entrar em mim,
mergulhar fundo na alma, auscultar,
jogar-me nesse precipício gosmento,
Fechar os olhos do corpo e descer aos infernos,
das minhas tormentas, medos e aflições.
 
Porão de mim eu sou agora!
Compartimentos escuros de monstros escondidos,
Represamento das minhas fraquezas, maldades,
Mofo de medos antigos.
 
Há que ter estômago, para revirar esse lixo!
Pegar cacos de escolhas, esperanças presas
em teias poeirentas, umidades esverdeadas
De lágrimas mal choradas!
Desejos cobertos por panos brancos,
Vontades empilhadas pelos cantos.
 
Sufoco nessas visões subterrâneas,
Canso, quase desisto!

É... Nietzsche tinha razão!
“O que não provoca minha morte,
Faz com que eu fique mais forte!”
 
Olho para cima e num impulso,
subo novamente as escadas...
Volto ao nada que sou,
Volto à vida que estou.
E sonho, sonho outra vez!
                
Paula
Enviado por Paula em 07/02/2010
Reeditado em 07/02/2010
Código do texto: T2073680
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