SAUDADE ÚNICA


Saudade, muita saudade dos versos
Que encantaram meus olhos,
Que cobriram meu sono,
Que me despiram ao amanhecer,
Alegres, com iniciais coloridas.

Saudade daqueles desvelos,
Dos risos e gemidos,
Das discussões e lágrimas...
Do ímpeto que nos fazia correr,
Novamente, aos braços já abertos,
Da modulação daquela voz...

Amor... Amor... Amor desatinado,
Extasiado e veemente de paixão!
Tão sôfrego quanto derramado!
Tão liberto quanto enciumado!


Que quer a vida quando planeja estragos?
Quando interpõe uma flecha terceira
Que, aventureira, ao acaso
(destino?)
(tempo?)
Sangra as flechas unidas em par?

A noite hoje, vermelha de sangue,
Traz o corvo que grasna
Nevermore.

                  Nevermore os flocos de algodão
                  Sobre o terreno forte e agreste,
                  A mestiçagem que nos uniu.





 

São Paulo, 5/02/2010 , 20:45

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 05/02/2010
Reeditado em 24/02/2013
Código do texto: T2071592
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