Escasso

Escasso

Conto um passo ao desencanto,

na chuva releio o amor não aflito.

Rumo os olhos à estrada do pranto,

o grito cansado ecoa infinito.

Leve, lúcido o tempo amordaça,

a ira tão viva dos cães jaz noturnos.

Corta-me a carne o frio da massa,

rouba-me a vida o ouro gatuno.

Semeia ao filho um sonho perdido,

um gesto indigesto incompreendido.

Das feras que moldam este jardim.

O último gole se passa escrito,

migalhas do sangue, o pão e o circo.

Revelam ao vento algo de mim.

Camper
Enviado por Camper em 01/08/2006
Reeditado em 13/05/2011
Código do texto: T207069