INSÔNIA

INSONIA

Na noite insone sinto

engendrado absinto

se perder

em espiraladas fumaças

expiradas

do ópio aspirado

pelos meandros de nossas mentes

virtuais conversas

pesadelos concretos

aguardam o cavaleiro

que de longe se aproxima

na forma da morte anunciada

Giro na cama fixa

pelo sexo realizado

em corpos ausentes

poluções noturnas

insatisfeitos orgasmos

provocados por bacantes

musas embriagadas

garrafas vazias

depositam-se em lixos

recicláveis pensamentos

podridão de novos tempos

capitalista economia

do ecologicamente correto

onde populosas favelas

desenvolvem nova forma

de trabalho escravo

sabendo que do pó viemos

e pela revolução do pó

seremos consumidos

para novamente em pó

transformarmo-nos

... não há saídas...

Água escorre pelos barrancos

ornando rios de lama

levando barracos

vida sem valor

sem ética

sem sentido

novo lixo produzindo

da poesia sem poesia

sem lua

sem sol

sem nada

contudo a possível

no momento

do caos presente

nova filosofia

que não fia

os tênues fios

da natureza morta