Poema Seco

Aridez

Que não se vê

Sente-se

A boca seca

Meu cérebro seca

Meu pulmão esvazia

Um gesto frio

Um beijo seco

Água foge do rio

E se joga na lagoa

Secou a garoa

Não cai um pingo sequer

Não cai uma lágrima sequer

Já não há saliva

O poeta também precisa beber

Mas sua fonte secou

Agora escreve versos secos

Rimas secas

Palavras cegas

Não consegue escrever

Palavras úmidas

Não há lágrimas pra escrever

Não há mar para se molhar

Meu coração se desertificou

Tudo secou

Tudo é aridez

Que não se vê

Mas se sente

Com o pouco que ainda restou

Com o pouco que ainda não secou.

04/02/2010

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 04/02/2010
Código do texto: T2069854
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