Poema Seco
Aridez
Que não se vê
Sente-se
A boca seca
Meu cérebro seca
Meu pulmão esvazia
Um gesto frio
Um beijo seco
Água foge do rio
E se joga na lagoa
Secou a garoa
Não cai um pingo sequer
Não cai uma lágrima sequer
Já não há saliva
O poeta também precisa beber
Mas sua fonte secou
Agora escreve versos secos
Rimas secas
Palavras cegas
Não consegue escrever
Palavras úmidas
Não há lágrimas pra escrever
Não há mar para se molhar
Meu coração se desertificou
Tudo secou
Tudo é aridez
Que não se vê
Mas se sente
Com o pouco que ainda restou
Com o pouco que ainda não secou.
04/02/2010