REINVENÇÃO

Chegou leve,

feito brisa pousada na manhã

e beijou com olhos mornos o novo dia.

Mirou a linha do horizonte

e ajoelhou sua inesgotável ternura

em reverência à vida:

Fez-se cúmplice à aurora.

Com braços nus e mãos virgens,

teceu bordados na rede imaginária

pendurada à varanda da alma,

e nela, descansou suas pupilas.

Mordeu os lábios ao vento

e vasculhou a fertilidade do solo,

arrancando da terra um último suspiro.

Reinventou-se semente,

só pelo prazer

de brotar vida, novamente.