BOTÂNICA
Teus olhos voam entre as orquídeas,
e pousam exaustos sob minha cascata,
brilhando besouros em casca de noz.
Só, no jardim, nas rosas, os teus aromas.
E te esparramas nos copos de leite,
mostrando agaves a luz de tua nudez.
Tuas sombras bailam nas palmeiras,
torcendo ângulos sobre as pedras,
trazendo tua beleza ao gelo do vento.
Não quero te agarrar, qual o ferreiro o malho.
Quero te sentir eterna, qual o cego a cattleya,
Quando me aqueço ao fogo de tua umidade,
Quando te enredas em meus longos sonhos,
Quando nossos beijos fundem doces metais.