VERTIGEM!
Quando as meninas do meu olhar
te viram sorrir, ali, era
uma vertigem e me senti lugar fora aqui, da terra;
era além que os olhos podem perceber, outra era;
aí, desenhou-se um coração arpoado por ti, mera
coincidência, transe astral, já era;
prisão dos desejos, algo carnal, impera;
aceite o meu gracejo, não leve a mal, espera;
tô louco, zonzo, por tua aura real, que impera.
Não tenha prudência e venha, intensa, densa, fera;
minha inocência, ela é assim, fluídica, quimera;
que dure o tempo que durar, desenha, planta, gera
um ato, um beijo, um galanteio um gozo, berra
pois eu ouvi um presságio dum arcanjo que não erra:
'tu hás de ser minha, com agonia, nunca guerra;
hás de ser de amor fominha, paixão-linha que não serra;
hás de arar pro amor a minha rosa, nossa terra;
hás de ser metade minha, célula-amor, que não imperra!'
Tony Guedes