Adiei tanto as palavras
Adiei tanto as palavras poéticas
que elas me morreram dentro.
Décadas sepulcrais de
palavras não escritas,
não faladas,
não pensadas.
E da alma adiada
numa exumação ansiada,
insurgiu-se-me em mim
uma poesia sem corpo,
sem portes,
sem rosto,
sem cortes,
indefinitivamente surreal,
de cores
e
dores
definitivamente livres