ANSEIOS NAS HORAS MORTAS
No meu delírio de mulher apaixonada,
Eu espero ouvir os teus passos seguros,
A noite desdobra a sua marcha e nada,
Apenas vultos, sombras, refletidas nos muros
De boêmios desconhecidos que pela madrugada
Voltam das farras cansados e inseguros.
Quem sabe? Depois de orgia terminada,
Outras a procura de ares frescos e puros.
Não importa o silêncio nem passos na calçada,
nem o cantar triste da coruja com seus agouros.
Se toda minha alma entristecida, enganada,
Sente desejos de uivar como um cão e dar urros
Como um leão enjaulado, assim sou eu na calada
Das horas mortas, perdida com medo dos escuros
A esperar só, com as luzes de casa, já apagada.
Eu! Somente eu! Ouço meus gemidos e meus sussurros.
DIONÉA FRAGOSO