ANSEIOS NAS HORAS MORTAS

No meu delírio de mulher apaixonada,

Eu espero ouvir os teus passos seguros,

A noite desdobra a sua marcha e nada,

Apenas vultos, sombras, refletidas nos muros

De boêmios desconhecidos que pela madrugada

Voltam das farras cansados e inseguros.

Quem sabe? Depois de orgia terminada,

Outras a procura de ares frescos e puros.

Não importa o silêncio nem passos na calçada,

nem o cantar triste da coruja com seus agouros.

Se toda minha alma entristecida, enganada,

Sente desejos de uivar como um cão e dar urros

Como um leão enjaulado, assim sou eu na calada

Das horas mortas, perdida com medo dos escuros

A esperar só, com as luzes de casa, já apagada.

Eu! Somente eu! Ouço meus gemidos e meus sussurros.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 31/01/2010
Código do texto: T2062067