VOZ

A sua voz

emancipada do corpo

algo torto que acalma

voz sem destino sem credo sem direção

hino

canção talvez

que não se atrela à palavra.

Voz que dispensa o ventre e o abraço

sem atraso

sem necessidade de beijo e de cansaço

voz que alcança o momento

rebento

que se ajeita sozinho no ninho.

Voz que chega e espanta

leva a dor e de mim

me arranca.

A sua voz é como um beijo

esquecido de se dar.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 31/01/2010
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