SENHORA.
Senhora que foi gerada pelo pai dos pobres,
Para nascer teve revolução, teve desordem,
Conquistou meu coração petrificado.
Senhora da minha alegria,
Que me inspirou à poesia,
Cedendo-lhe meu louvor.
Senhora da esperança,
Dos meus sonhos de criança,
Da ventura esperada.
Mas, a senhora se renovou,
Para a necessidade de poucos,
Desiludiu-me, trouxe-me desgosto.
Há! Busco em meu canto um refúgio, um acalanto,
Da mentira que me fende!
Senhora do direito,
Tens somente um defeito,
Não és humilde.
Senhora do dever,
Faz-me cego crer,
Na mudança esperada.
Senhora da minha vida,
Abriu no peito uma ferida,
Mostrando-me seu poder.
Senhora do meu destino,
Roubou meu sorriso de menino,
Aprisionou m ‘alma.
Há! Busco em meu canto um refúgio, um acalanto,
Da mentira que me fende!
Senhora da plenitude,
Roubou-me a juventude,
Amadurecendo-me a força.
Senhora da minha vontade,
Despreza-me por maldade,
Tornado-me seu pecado.
Senhora do sofrimento alheio,
Trouxe para o meu ser o desvario,
Exasperando minha alma.
Senhora da minha ventura,
Que meu sonho oculta,
Dando-me nova conduta.
Há! Busco em meu canto um refúgio, um acalanto,
Da mentira que me fende!
Senhora dos meus sonhos,
Espero de novo encontrar,
Pois aprendi a perdoar.