Alguém

Alguém que se torna o que não é,

É como uma borboleta metamorfoseando-se em lagarta.

Não voa, rasteja. Não embeleza, enoja. Regride.

É repugnante!

Alguém que não se reconhece em sua primeira essência,

É como um ser sem identidade, fragmentado, sem rumo!

Não é bicho, não é homem, não é natureza, não é nada!

É repugnante!

Alguém que perdeu seu reflexo no espelho,

É como um cego que pode ver! Prefere o escuro, Não acende a luz!

Não elogia, critica. Abomina, aponta a própria face desconhecida.

É repugnante!

Alguém que só reconhece o próximo e tenta outrar-se desvairadamente,

É como o nós que não convive com o eu!

Não tem família, não tem amigos, não tem a si mesmo ! Inexiste!

É repugnante!

Alguém que não atende ao ser chamado pelo próprio nome,

É como um feto abortado. Ignorado, esquecido, amputado.

Não vive, sobrevive, não se destaca, se confunde! Perdeu a chance de ser notável!

É simplesmente alguém!

Caline Fonseca
Enviado por Caline Fonseca em 28/01/2010
Reeditado em 29/01/2010
Código do texto: T2057027
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