SAFRA ANTIGA

Do seio de Deméter, a fartura 
depende da semente e cada grão
que brota é uma seara já madura,
oferta aos ceifadores que virão.

Perséfone acompanha seu marido
e desce às profundezas; chora a terra.
O inverno deixa o mundo comprimido
e um branco vasto e puro tudo encerra.

Porém, na primavera ela retorna
ao lar da deusa Ceres, linda e pura.
Florescem campos, vales... e a bigorna
esculpe admirável armadura.

A força produtiva, o alento pródigo,
suspenso no recesso, ausente a filha,
Deméter, ressarcida, entrega o código
e assim a safra d’ouro ao sol rebrilha.


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