VIDA

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Um manifesto é um manifesto,

manifestou-se a glória de Israel,

a de muitos ainda está no papel...

Se eu tiver de pagar todos os meus pecados, estou frita!

Pago uns e faço outros... quando vi, já fiz!

Aprendi a chorar a seco e a rir molhado...

Manchado de resina,

resignado, o tronco ensina

que entre cavacos e gravetos

pode surgir uma gaveta,

uma cadeira, uma escada, ou mesmo nada!

O meu vestido de alças,

deixo de presente para a primeira cópia de mim

que encontrar no caminho...

Fiquei pouca?

O meu juízo era muito,

mas foi muito prejuízo!

Andei na rua tão oca!

Agora, espero minha vez

de ouvir a voz da cabocla...

Passa o ramo, Dona Maria!

Faz benzedura pra mim.

Estou cheia de quebranto, ou não sei se é mau-olhado.

A senhora vai bocejar,

os ramos verdes vão murchar...

Ramos de arruda ou guiné,

a senhora sabe o que é.

— “Ô Belo, óia minha fiinha aí!”

Diz Dona Maria ao marido, referindo-se a Clerinha,

sua filha de criação.

Necessita de tranqüilidade para fazer a caridade da oração,

e Clerinha ainda é pequena, pode fazer arte...

O melhor presente não é um carro,

é amor, desse que Dona Maria dá para Clerinha

e faz respingos em mim...

Por que a senhora foi mudar de cidade, Dona Maria?...

E minha necessidade?

— “Reza de longe também vale”, disse-me um dia.

E quem me garante que a senhora estará se lembrando de mim?...

Pertenço a Nossa Senhora e ao Senhor do Bonfim!

Consolação pode ser um estado de sítio interrompido,

um Estado no mapa do Brasil,

um estalo, uma revelação, uma manifestação,

uma libertação,

uma mudança de hábito,

um contrário...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 30/07/2006
Código do texto: T205605