SUSSURROS DO TEMPO
Esse poema foi inspirado no poema VOZES DO TEMPO,
de Silvio Lima, publicado no link abaixo:
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2055120
SUSSURROS DO TEMPO
A tabacaria jaz, inexiste
mas a fumaça do cigarro ainda insiste
em criar aquelas espirais
que te fazem lembrar
de quem não te pensa mais...
E o tempo? Ah, o tempo vai escorrendo
devagar e sempre... E nas horas arrastadas,
te vence as colherinhas,
o que reuniste às pazadas.
Então, o que agora vês no espelho
é tão somente a farsa do que foste um dia.
Ou será o reflexo da tua própria essência,
distorcida pelas sombras não estrelares
que escorregam em poesia?
Parece que alguém, por maldade,
roubou-te o Sol...
E o eco da nota musical
que agora se distende no ar
é só um dó...
Dó que vai do mi para si
e de ré para fá, lá, si,
sol, mi, ré, dó...
Num gemido que a saudade teima eternizar
em espaçoso sustenido que nem o tempo
pode calar.
E agora já nem sabes mais se os acordes que estão a vibrar
são as vozes, os urros, ou tão somente os
sussurros do tempo...