Retirante
Em busca de paz segue o retirante
com os sentidos ausentes,
é apenas uma sombra vagando sem direção,
mas, como conhecendo seu destino,
caminha sabendo não poder parar.
Segue na rota que comanda o coração
e o tempo marcado em despedidas
é revelado na face seca das lágrimas
que não pode mais chorar.
Retira-se o retirante buscando a paz,
em seus sonhos, sorri, é rei e senhor,
volta os olhos para si e encontra-se só,
por companhia, a solidão sem corpo.
Fala da saudade que traz a ausência da mulher,
do gosto do beijo despertando o homem
no corpo do menino que ficou para traz,
enquanto a estrada em sua amargura
dilacera os pés que caminham por entre o pó.
É de dor a busca do retirante que só quer paz,
não há sorrisos na estrada, não há vida,
apenas pó tirando-lhe a visão,
mesmo assim, segue seus sonhos o retirante,
pois de sonho é feito o homem da estrada.
E em seus sonhos, sorri, é rei e senhor
e encontra sua bela, sua amada que espera,
é rainha e senhora da vida sonhada
pelo retirante que busca a paz e mais nada...