Brasileiro
Nasci e permaneci brasileiro.
Meio isso, meio aquilo.
Ateu e religioso; estorvo e empecilho.
E, no fim, sobrei inteiro.
Já usei lápis e tinteiro,
e chamei desconhecido de companheiro.
É por isso que lhe digo, filho,
nas voltas da vida, noves fora, conserve esse brilho.
Não seja Afro ou Euro descendente.
Nem muito cético, nem tão crente;
pois somos apenas o que a vida nos consente.
Nasci e fiz um filho brasileiro.
Caminhamos nesse chão, cada qual com sua arte.
Lemos Marx, Nietzsche e Sartre,
mas, por via da dúvidas, rezamos para que Deus exista
[em alguma parte.