Observância

Sentado na areia,

na praia, ao amanhecer,

vi aquela cena

do sol a nascer.

Despontando envergonhado,

banhado da água salgada,

todo amarelado,

o grande dia saldava.

Radiante, aquecedor,

aquecia as águas do mar,

esquecendo o desamor,

que jorrava pelo ar.

As águas na areia se jogavam,

naquele monótono e rotineiro movimento,

como em busca de alguém que muito amavam,

que aliviasse o seu desalento.

As águas que uma vez vinham,

já não eram mais as mesmas águas,

pelo mar adentro iam,

em busca de novas praias.

Uma vez que já foram jogadas,

contra a areia pisada, imóvel,

esperando serem arremessadas,

num futuro duvidoso.

Lá também vi,

o céu azul como anil,

o cantar do bem-te-vi,

num espaço vazio.

A areia rascunhada,

por um ser inanimado,

trajetória engraçada,

do siri espantado.

De ré, de frente, para traz,

andava o siri em círculos e voltas,

assustado pelo rapaz,

que dava meia volta.

Também vi um herói,

um grande pequeno valente,

uma grande picada que dói,

recebeu o rapaz impertinente.

Enfim, findou o dia,

que observou quem observava,

terminando, como eu ria,

do rapaz com tanta raiva.

Quanta vida eu vi lá,

num espaço tão pequeno,

ocupado pelo mar,

num eterno encantamento.

As águas sem parar,

que vão sem destino,

se jogando em outro mar,

formando belo hino.

Eis que finda a observância,

do primeiro dia errante,

de alguém com tanta ânsia,

de um grande eterno amante.

(12 /04 /02)

Wagner Gaspar
Enviado por Wagner Gaspar em 26/01/2010
Código do texto: T2051710
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