Em viagem...

O vento que fustiga o capinzal

Refresca e assanha meus cabelos na janela do carro em movimento...

É a rodovia, com seus quebra-molas,

Paradas obrigatórias nos trechos em manutenção,

Exposição de artesanato comerciado em bancas marginais,

Placas de trânsito,

Sinais de alerta aos motoristas;

Árvores plantadas em perfeito alinhamento,

O som do carro com músicas de CD, baixadas da internet...

Mais árvores esparsas e sua sombra pra ninguém.

Bambuzais, eucaliptais!!!...

Lembro agora, um dia, uma árvore toda noiva passou pelo meu carro,

Perto de uma trincheira da avenida do Contorno, em BH.

Não deu pra fotografá-la.

Branca, coberta de flores, o ipê branco!

Árvores despojadas de copa,

Desprovidas de folhas,

Suportam o inverno por causa da primavera!...

Vacas brancas soltas em verdes pastos desassossegam-me.

Fico querendo tirar fotos,

Congelar a paisagem, os personagens,

Sem cheiro nem som,

Só em cores.

Estou cansada de fotografar rebanhos brancos em verdes pastos,

Eucaliptais, não sei se da Bahia Sul ou da Aracruz,

Pedras gigantescas, paisagens surpreendentes!....

Na hora, as fotos são úteis para sempre!

Depois, arquivo-as no computador e não acho mais.

São tantas!...

As pedras do Kaladão, caladas, em eterna pose,

Esperam que lhes tirem fotos.

De minha parte, por diversas vezes já as fotografei.

Chega!

Majestosa, semi-recoberta de bromélias, especialmente

Uma delas!

Uma outra tem até boca esculpida pela natureza!

Juro que não tiro mais fotos.

Na ida, contenho-me, cumpro a jura.

Na volta, sucumbo à tentação,

Ou à esporádica oportunidade oferecida...

A lesmice da mesmice não é remédio pra nada,

É tédio enfadonho e contrário à vida.

A mesmice da lesma atravessou milênios e chegou até nós.

Por mais criativos e rápidos que sejamos,

Não alcançaremos as lesmas dos próximos 150 anos...

A correria cansa.

A vagareza anda...

Sobrevive.

E alcança!

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 25/01/2010
Código do texto: T2049245