Dentro de casa e da madrugada
Reviro-me para o lado direito da cama.
Ligo o interruptor do abajur branco.
Acende-se uma lâmpada clara de média intensidade.
Esforço-me por abrir de todo os olhos.
Verifico no relógio, são três horas.
Sinto a temperatura deliciosamente fresca.
Ouço ruídos de chuva forte nos telhados.
Abro a janela e a brisa da madrugada
acaricia-me as faces. Suavemente inspiro-a
junto com o cheiro de terra que ela traz.
Vou até a sala de estar, acendo as luzes
e começo a folhear as páginas de um livro qualquer.
Não consigo concentrar-me na leitura.
Dirijo-me, então, à cozinha e bebo lentamente
uma chícara de chá morno.
Ligo o televisor, troco de canais e nada...
Nada de interessante para se assistir.
Alcanço o jornal e vejo nas manchetes da primeira
página: Assalto em... Terremoto no... Acidentes na BR...[desanimo!].
Fecho o jornal e recolho-me à cama.
Desligo o interruptor do abajur.
Tudo volta às escuras. Tudo muito quieto e tranquilo.
A chuva acabara de cair.
Eu, também, acabara de cair na cama.
Nada de cobertores, apenas a calça do pijama.
A cabeça bem acomodada ao travesseiro e o
corpo relaxadamente estendido na cama.
Não compreendia por que razão, aquele sono
manso e revigorante ausentara-se de mim.
Talvez a chuva volte a cair devagar e o
seu ruído suave possa embalar-me o sono.
Não vou levantar-me nem contar carneirinhos.
Nem ao menos vou pensar nisso. Prometo-me.
Boa noite, durma bem (desejei-me mentalmente).