DESERTO - Lamento de uma árvore

DESERTO

Não me tires a vida se não posso gritar

Meu grito é o silencio, é o vento é o ar

Teu fogo é a força, faz meu grito calar

Não me cortem os dedos, os pêlos, os pés

Minhas pernas perdi, cravadas na terra

Terrível guerra, injusto machado

Me faço teu braço para me ferires

Não me troquem por muitas outras, diferentes

Meus amores morrerão, não deixarão sementes

Não se deitam em outro colo, senão no meu

Simbiose perfeita, eles e eu

Fui tua casa, repouso amigo

Fui tua sombra, teu abrigo, teu teto

Me usas, me matas, me queimas

Já quase não sou

E quando não for mais

Quando for apenas lembranças

Não me hás de lembrar

Se lembranças serás também

Pois quando me atiras

Me tiras de perto

Tu mesmo te atiras num grande

DESERTO

zai
Enviado por zai em 24/01/2010
Código do texto: T2047565
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