QUANDO NÃO QUISERES MAIS QUE EU CANTE
Quando não quiseres mais que eu cante
Avisa
Quando não quiseres mais que eu diga
Impede
Quando não quiseres mais que eu chore
Ordena
Quando não houver lídima vontade
Ignora
Tudo o que me importa
É seguir adiante
Quando o sol se deite
Ou quando se levante
Enfrentarei meus moinhos
Beberei a água pura das fontes
Escreverei do meu jeito
Mas pensarei em Cervantes
Tudo o que me importa
É esse amor sem fim pela vida
Essa loucura de respirar
De sentir o sangue passar
E de nas veias a poesia se instalar
Nada mais me dá
Quando quiseres, pense
E se não, pára de pensar
Tudo o que amo é a poeira do mundo
O fôlego da Terra
Das distâncias cósmicas o gozo
Quando me quiseres sou tua
E quando não, serei d’outro
Assim como tu
Assim como aqueloutro
Tudo o que desejo é contido nos verbos
Ser e estar
E se tu não me entendes
Pouco se me dá
Quando desejares, sentirei
E farei cá pra te ajudar
Pra que sintas o gosto
À tardinha
E depois do sol posto
Então eu durmo e sonho
E vou para onde quero
Nesse meu mundo bisonho
Onde construo uma cidade bela
A ponto de extasiar
E se sou a única moradora
Pouco se me dá
Mas se este é também o teu desejo
Convido-te a entrar