A tristeza e o poeta
A tristeza e o poeta
===============ErdoBastos
A tristeza, sentimento agudo
Que dói, perfurando a quem afeta
Entrou tão fundo, que me deixou mudo
Foi tão forte, que calou o poeta...
Perfura a alma, ataca por todos os lados
A cada ciclo de viver que se completa
Morro um pouco, a cada ciclo completado
Este foi tão forte, que calou o poeta...
Uma voz a menos, a defender a arte
Tal a agudez com que a tristeza espeta
A lança afunda, o coração se parte
E doeu tão forte, que calou o poeta...
Até a Esperança, esta menina agitada
Que em mim brincava, agora anda quieta
Com tal tristeza no meu peito espetada
Tão fundo e forte, que calou o poeta...
Respira fraco, a Esperança em meu colo
E recita estes versos, a menina esperta
E diz ao fim, que se escrevo, a consolo...
De fato, ainda não calou-se o poeta!
E a chama da arte, novamente acesa
Na menina Esperança que do coma desperta
Põe a caneta e o papel sobre a mesa
E sorrindo me pede, “Escreve pra mim, Poeta.”
E o suave apelo, que a Esperança clama
É clamor tão forte, que outra vez injeta
A inspiração, alimentando a chama
E devolvendo a voz a este poeta
Sirvam os versos que agora lês
De vaticínio, qual palavras de um profeta
Volta a Esperança, e com ela outra vez
Se esvai em versos, este pobre poeta...
E volto agora, a escrever meus versos
De novo em paz, e com a mente alerta
Juntar as letras dos poemas dispersos
Voltar a arte, que é missão do poeta