PENSE EM MIM COMO UM VINHO

Branco, vermelho, rose.

Encorpado, suave, doce.

Aromático, tinto, adocicado.

Tingindo coração palpitado,

Lançando um olhar sobre os ombros,

Deixando as palavras soltas,

Numa embriagues sedutora.

Pés que o amaciaram num ritmo de festa,

Deixou-se ser tocado num frenesi de gritos.

A vontade de ser transformado,

Fermentado, coado e armazenado,

Liberou a libido de quem o provou.

Convidado ao drinque sedutor,

Passeou pela taças,

Que foram tocadas por bocas quentes.

Deixando um convite no fim,

Para que pudesse ser lembrado.

Dançando ao sabor de cristais,

Emoldurou um sorriso e um espanto,

Diante do gosto apurado de quem o saboreou.

Guardado no silencio dos carvalhos,

Solicitou ao tempo que o depurasse,

Dentro da necessidade de tornar-se

Um adjetivo de desejo e tradição.

Pense em mim como um vinho!

Que desce soberano,

Deixando uma marca nos lábios,

Do território conquistado.

Beba-me, saboreie-me,

Tome o gosto do paladar apurado,

E deixe-se ser convencido por mim,

Para que a noite seja convidativa.

Vindo de regiões longínquas,

Trouxe em sua bagagem,

O carinho e o sabor da terra que o criou.

Lembranças da neblina e do sol,

Que o ajudaram na sua puberdade.

Soube agradecer a mãe natureza,

Pelas qualidades que se destaca.

Beba-me como se fosse eu,

Um cálice cristalino com o néctar dos deuses.

Que dantes tempos gloriosos e seculares,

Foi brindado na ultima ceia,

Como a bebida que sintetizou o sangue divino.

Pense em mim como um vinho!

L. Blue, 11/10/2009