FOTOGRAFIA
Já disse que não quero olhar teus olhos
Sob o fino arco de tuas sobrancelhas
Agora digo que não suporto ver
Esta fotografia que fala e chora
Que me diz o que passas a cada hora
Também não aguento ler o que escreves
Pois tuas palavras ou são como canções de chuvas
Como penas leves
Ou como imensas preces
Tuas palavras caem em mim
Como aves de arribação
Maná dos céus
Não sou forte o suficiente
E nem anestesiada irremediavelmente
Para ver os teus ombros
A camisa entreaberta
Nem tenho alma para ver essa boca atrevida
Faminta
De beijos perdida
Eu não quero adivinhar tua pele
Nem dos teus cabelos a textura
Não, nada disto eu quero
Pois meu sentimento
Não se cura