SOL DA MANHA
eugenio malta
bato o ponto todo dia na hora do trabalho
o sol levanta a manha dentro de mim
repito o caminho largo mas, sei do atalho
na rotina de onde vim
cumpro contra a aurora esta dormência
que anestesia minha múltipla possibilidade
vence em mim a decência
de dar tradição a seleta continuidade
o sol levanta apesar das diferenças
e’ oposto a neve que cobre tudo
a noite que dorme os meus sonhos
perde na manha seu sobretudo
saio jovem para o dia que me proponho
surpreendo-me com inesperadas ofensas
para as quais nunca tive escudo
meu dia-a-dia não depende de crenças
e pra ele nunca tive estudo
cumpro o corpo da tarefa orgânica
assim como a hora do prato a mesa
o ônibus no ponto e a certeza
de que a orquestra iniciara’ a sinfônica
será que este baile de vida sincrônica
esta’ nos levando para dentro do dia?
dia que menos repõe do que nos esvazia?
ou será que a neve e a noite que me cobria
ainda vai acabar congelando ate’ o que iludo
nublando sol da manha e deixando-me mudo?