ESTÁTUA DE SAL
ESTÁTUA DE SAL
Há uma porta que se fecha sobre mim
e no escuro não encontro a encruzilhada.
Meus olhos tentam vislumbrar, em lembranças,
a rota dos vagalumes que em outras eras
servia aos vagabundos.
Mas só pressinto teus olhos me abrasando,
ouço gritos que me navegam sem pudor
e tentam encontrar a saída
onde os poros latejam na total obstrução da luz.
Sinto ainda toda a nudez me castigando a pele,
adensando a noite numa canção de adeus.
As horas brincam de estátua de sal
no convés da minha boca ensandecida
que diz teu nome num disléxico poema
e grita toda a mágoa que a solidão camuflou.
Basilina Pereira