Haiti e os Quatros Cavaleiros do Apocalipse

Um terremoto na memória da tristeza...

Agora, na nefasta hora
Viram os olhos para você Haiti
Como se as chagas de outrora
Já não fossem urgentes
Morada dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse

A fome que devora
Há muito já devorava
Seus filhos bastardos
Terra da última morada

A morte que assola
É velha conhecida
Da tua gente esquecida
Agora relembrada

A guerra que escolta
Desde primórdios te acompanha
Patrocina o tormento
Da latino pátria esquecida

Justo agora
Justamente
Por justiça
São obrigados
Deveres da consciência
Encarar os olhos cegos
Donos de Estados
Chefes de indecências

O Anti-Cristo fez estadia
Nos pilares do tal sistema
Possui ciência plena
De onde habita a miséria humana


Como a alma em carne viva
Converte-se em parasita
É no desespero, na coisa anti-humana
Que a solidariedade
Incomoda e habita

Haiti sua miséria
Nos tempos estampada
Não é novidade
Para qualquer criatura consciente
E pseudo autoridade

O vigor do desespero de agora
Tem consequência no ontem
No escárnio do desumano
Seu povo esquecido


Fome já havia
Guerras aterradoras
Mortes cotidianas


A natureza reverbera
Olhos à espera de mais reverberação
Gargalha o Anti-Cristo
Que mora em cada entidade
Da mundial população


Quantos mil filhos da tua terra Haiti
Morreram, morrem e ainda morrerão
Gradualmente de fome
Conta-gotas de exclusão
Quantos filhos da tua existência
Peçonha, decadência
Entranhas consumidas pelo próprio organismo
Virulentas batalhas civis
Quantos países, potências mundias
Usurparam da sua energia vital
Desabrigados, esquecidos
Tudo escrito nas páginas vis da história
Agora dizem
Seu povo não será esquecido
Não esquecer, de esquecer, do que?
Habitava no esquecimento
Haiti Oxalá!
Oxalá Haiti!
Oxalá!