A Luz e os Túneis
À espreita pela noite
Nos espia o sono da razão,
O desflorar dos nervos
Despertando a sensibilidade burra;
O afeto desvairado dos bêbados no silêncio
Impregnado nas poucas estrelas
Que lutam para manter um brilho fosco,
Sustentando a noite com preguiça...
Se pensamos algo é porque ainda pensamos.
Pensar alguém é não pensar;
É voltar às raízes do instinto que pulsa,
Pressionando a paixão,
A vontade...
O desejo...
O desfecho da luz que rasga a noite
E traz a lúcida rotina à tona,
Como um holofote aceso contra os olhos,
Socando as faces pelas frestas
Que as janelas dos quartos desfilam
Em todo seu desespero para manterem-se escuros...
Assim nos guiamos ante o cotidiano,
Esperneando para que o lado escuro
Que nos resta em cada bituca pisada
Permaneça ludibriosamente em trevas...
A luz ainda é interessante...
Mas é melhor que fique no fim dos túneis...