A Luz e os Túneis

À espreita pela noite

Nos espia o sono da razão,

O desflorar dos nervos

Despertando a sensibilidade burra;

O afeto desvairado dos bêbados no silêncio

Impregnado nas poucas estrelas

Que lutam para manter um brilho fosco,

Sustentando a noite com preguiça...

Se pensamos algo é porque ainda pensamos.

Pensar alguém é não pensar;

É voltar às raízes do instinto que pulsa,

Pressionando a paixão,

A vontade...

O desejo...

O desfecho da luz que rasga a noite

E traz a lúcida rotina à tona,

Como um holofote aceso contra os olhos,

Socando as faces pelas frestas

Que as janelas dos quartos desfilam

Em todo seu desespero para manterem-se escuros...

Assim nos guiamos ante o cotidiano,

Esperneando para que o lado escuro

Que nos resta em cada bituca pisada

Permaneça ludibriosamente em trevas...

A luz ainda é interessante...

Mas é melhor que fique no fim dos túneis...

Guito Britto
Enviado por Guito Britto em 19/01/2010
Código do texto: T2038891
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