CANTO À GALÍCIA

GALÍCIA de língua antiga,

mulheres formosas, chão

de verde e velas eólicas.

Tu te requebras na moça

que vi em “La violetera”.

Quando te ouço as cantigas,

mais te mexes, odalisca

sensual, à luz da lua;

e acalantas os meus ais

de trovador do Medievo.

Oh, Galícia, és anosa

e tens os bemóis do novo

no berço de tuas trovas.

Oh, Galícia, teu idioma

tão é traço de união

que, ao migrar a Portugal,

ensinou-nos ao sangue

a ler seus ancestrais.

Galícia de pés errantes,

teu rastro de muitos povos

leva a Península Ibérica

a trilhar um só caminho

– Santiago de Compostela.

Bailas, ó Galícia, onde

cantam moinhos de vento,

à luz dos teus alfarrábios.

Nas águas líricas, peixes,

mariscos, teu sal histórico.

E os celtiberos e mouros,

muçulmanos e romanos,

todos aí se cruzaram

– e a quem dizes ‘obrigada’!

Inda irei a Santiago,

mas que seja o da Galícia,

onde possa, à voz da lira,

ouvir de algum menestrel

cortesãs canções de amor.

Enfim, Galícia distante,

em canto, ouso beber-te

no étimo das palavras.

Fort., 19/01/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 19/01/2010
Código do texto: T2038297
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.