O GOSTO...

Deixo-me estar quieta, ao largo

Das minhas reminiscências tantas

Na boca, sinto um gosto amargo

Acidulando o verbo na garganta...

Provocando o vômito das palavras

Ponho o dedo nas feridas expostas

Espumando mil versos feito lavas

Minh'alma tenta me enviar respostas

Mas o gosto em minha boca insiste...

Até quando resistirá essa acidez

Que toma-me, incitando a morbidez?

Rasgarei meu verbo num único grito

Quem sabe o meu peito menos aflito

Adoce a minha boca de uma só vez...

(Lena Ferreira)

1801-2010