Poeta
O Poeta descobriu-se
no talhe da alma humana
muitas vezes
pesado
inchado.
A sua própria alma
queimou
abstrações e cores.
O Poeta descobriu-se nas estrelas,
constelação,
sob o olhar soturno
do moribundo e do intelectual
que não entendem
o coração do Poeta,
mas que compreendem
as ilusões derramadas
sobre o papel.
O Poeta, enfim, descobriu-se...
e descobrindo-se
cobriu-nos
com seu arco-íris,
com sua gutural risada,
com seu talento marítimo
de emergir dores
e imergir lágrimas.
E ,
na exaustão do traço,
esparramar-se na areia
da nossa existência
e se fazer canção.