muros da alma
o que existe por detras destes muros
das paredes de barro prensado
que rodeiam este ilusório castelo
o que a alem desta ponte
que circunda o fosso
criado e mantido
como que para proteger
dos perigos, das dificuldades
de alem ponte
as vezes me pergunto
se o perigo não está no castelo
sob os muros, entre o fosso
sobre a bandeira desta ditadura constante
que impedem de se olhar o horizonte
os verdes campos floridos
o riacho que corre tão próximo
as choupanas que estão logo ali
tão triste é o olhar do tirano
que não enxerga o seu próprio povo
que só tem olhos pro seu próprio castelo
e que está em constante vigilia
liberte-se destas tão brutas algemas
destes grilhões presos aos pés
abaixe a coroa, abandone o cetro
coloque uma tunica mais leve
ande descalço, olhe pro céu
vá buscar a agua na fonte
não espere alguem lhe preparar a comida
vá até a horta e retire do pé
e derrube estes muros
que lhe limitam a visão
os seus limites de mundo