DESISTÊNCIA
Lá fora está chovendo
e o córrego sendo limpo,
melancólico vai colhendo
cacos deste meu coração
que, aos deuses do Olímpo,
in memóriam de meu ser,
entrego sem exitação,
para o reduzirem ao nada,
pois em veredito definitivo
a mulher por mim amada,
desiste de seu próprio viver,
tornando o meu sem motivo.
Lá fora está chovendo
e raios atingem árvores,
a cada estrondo rompendo
mais uma irreparável fenda
em meu mortal consciente
que, ante esses amargores,
não exijo que compreenda
essa insânia transcendente.
SP – 17/01/10